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Guerra ao Terror (The Hurt Locker)

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Filmes de guerra já foram feitos muitos, ainda mais pós-governo Bush, que instituiu que não há graça para os EUA se eles não estiverem protegendo a democracia de alguém. Com uma infinidade de títulos, é questionável que ainda possa aparecer algo de novo no gênero. Provavelmente, inclusive, foi este o pensamento que fez com que a Imagem Filmes lançasse Guerra ao Terror direto em DVD, em abril de 2009. O que faltou se atentar, porém, é que havia sim um grande diferencial já na ficha técnica. Este, ao contrário dos demais, foi dirigido por uma mulher, Kathryn Bigelow.

Mais do que apenas ser a ex-mulher de James Cameron, de Avatar, com quem disputa as atenções – e indicações – do ano, Kathryn foi a pessoa que conseguiu algo simples, mas impensável aos filmes de trincheira. A cineasta, junto com o roteirista Mark Boal, entraram na cabeça de seus personagens como não havia sido feito antes. Mais do que filhos que deixam seus pais, garotos que não esquecem de suas namoradas ou, até mesmo, pais que não podem acompanhar o crescimento de seus filhos, os heróis de Guerra ao Terror são seres humanos, em tudo o que a de bom e ruim disso. São homens que tem seus medos, desejos, emoções explorados de forma sutil, mas longe de ser imperceptível.

O detalhe faz do filme de Bigelow uma raridade dentre os demais, apenas o detalhe. A história bem poderia ser contada da forma tradicional. Uma companhia de remoção de bombas conta os dias para voltarem para casa, mas ainda falta mais de um mês até o fim da missão. Em uma chamada aparentemente tranquila, uma tragédia acontece, causando ainda mais estresse para os oficiais. Sem o líder do grupo, o Sargento Sanborn e o Especialista Eldridge são obrigados a seguirem as ordens do Sargento James, um desconhecido que, a princípio, está mais interessado em arriscar sua própria vida do que em salvar seus companheiros.

Em determinado momento da trama, o especialista parece relaxado jogando videogame. Aqueles minutos matando soldados virtuais logo se mostram apenas uma forma de esquecer sua realidade. Quando surge em cena o psicólogo do exército, ele revela alguns de seus dramas. Ele não quer morrer jovem, acha que ainda tem muito o que viver. Questionado se não estaria se deixando levar pelo problema, ele é enfático ao tirar o mérito de seu terapeuta, já que ele não esteve diante do perigo. E de nada adianta o outro viver o terror daquela guerra, Eldridge logo vai perceber, apenas ele mesmo pode se manter vivo ali, além da confiança em seus parceiros e, principalmente, a confiança em si mesmo.

Contando com estes momentos sutis, talvez em um ano mais inspirado do cinema, Guerra ao Terror fosse apenas mais um bom filme, e realmente não chamasse tanto a atenção. Sua sorte foi ter surgido em um momento de tão poucas grandes obras, o que o colocou nos principais prêmios do cinema no ano. Seu azar, porém, é que nestas premiações seu concorrente maior é justamente Avatar. Inferior em quase todos os sentidos, o filme de James Cameron tem duas qualidades que, infelizmente, o deixa em vantagem. Ele é um fenômeno de bilheteria e uma revolução tecnológica. Os sentimentos de humanos ou não, que emocionaram em Avatar, em Guerra ao Terror mais do que emocionam, chocam, porque não fazem parte apenas de uma fábula, eles são reais. Mas talvez a realidade não seja o que o cinema está precisando agora.

Guerra ao Terror (The Hurt Locker, 2008, EUA)
Direção:
Kathryn Bigelow.
Roteiro: Mark Boal.
Elenco: Jeremy Renner, Anthony Mackie e Brian Geraghty.
131 Minutos



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